15/05/2024

Como acolher autistas durante crises sensoriais?

Quando abordamos a importância do acolhimento de autistas em momentos de crise, muitas vezes nos concentramos nas situações do dia a dia que podem desencadear esses momentos de desregulação sensorial. No entanto, é fundamental também considerar como crianças no Transtorno do Espectro Autista lidam com eventos extremos, como nas recentes enchentes que assolam o Rio Grande do Sul. Nessas circunstâncias desafiadoras, saber lidar com os gatilhos que desencadeiam as crises torna-se ainda mais essencial.

Mais especificamente, quando ocorrem desastres naturais como as enchentes, o ambiente familiar e social de uma pessoa com TEA pode ser drasticamente alterado. A mudança repentina de rotina, o barulho das sirenes e helicópteros, as luzes intermitentes, o movimento excessivo de pessoas e o desconforto causado pelas chuvas, podem desencadear crises de ansiedade, choro e pânico em indivíduos autistas, e até mesmo autoagressão.

Como acolher autistas em crise em circunstâncias cotidianas?
No momento da crise, é essencial agir com paciência e cuidado, e também compreender o que desencadeou esse episódio. Retirar objetos perigosos do ambiente e diminuir estímulos sensoriais excessivos são passos importantes para ajudar a acalmar a criança. Falar de maneira suave e tranquila pode ajudar a reduzir a ansiedade, enquanto levar a criança para um local mais tranquilo pode proporcionar um ambiente mais seguro. Se a sensibilidade à luz estiver presente, apagar as luzes do ambiente pode ajudar a diminuir o desconforto sentido pelo autista.

Ao longo do tempo e com o tratamento multidisciplinar, é possível desenvolver estratégias de enfrentamento personalizadas, incluindo regulação sensorial e comunicação alternativa. Com apoio adequado, podemos ajudar os autistas a prosperar em ambientes que respeitem suas necessidades individuais.

Programa TEAcolhe
Porém, em meio a situações extremas, sabemos que é mais desafiador lidar com as crises e não há tantos recursos disponíveis. Pesando nisso, o governo do Rio Grande do Sul lançou o programa TEAcolhe para auxiliar no acolhimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista afetadas no estado.

A iniciativa visa orientar pais, voluntários e equipes de trabalho sobre os cuidados necessários para lidar com indivíduos autistas em situações de crise. Equipes especializadas são enviadas aos abrigos para oferecer suporte e orientação, enquanto atividades lúdicas e pedagógicas são promovidas para proporcionar momentos de interação e distração durante a estadia nos centros de acolhida, como contação de histórias, mímicas, caça ao tesouro e circuito de obstáculos, além de propiciar espaços mais calmos e sem muitos estímulos.

Ao adotar essas abordagens, podemos assegurar que os membros da comunidade, incluindo aqueles com necessidades especiais, recebam o suporte e a proteção necessários durante períodos de crise, contribuindo significativamente para o conforto e o bem-estar durante esses momentos desafiadores.

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