O número de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) matriculados em salas de aula comuns no Brasil teve um aumento expressivo de 50% entre 2022 e 2023, segundo dados do Censo de Educação Básica.
O total de alunos com TEA saltou de 405.056 para 607.144 nesse período. Esse crescimento reflete tanto uma maior capacidade diagnóstica das equipes de saúde quanto uma conscientização crescente sobre a importância da inclusão escolar, conforme destacado por especialistas.
Embora a matrícula de alunos com TEA tenha aumentado significativamente, essa é apenas a primeira etapa. A inclusão vai além de permitir a presença desses alunos nas salas de aula. Ela envolve garantir o acesso, a permanência, a participação ativa e o aprendizado efetivo.
Direito ao acompanhamento
Alunos com TEA têm direito, por lei, a dois tipos de acompanhamento:
– Auxiliar para ajudar nas atividades diárias, como higiene e alimentação.
– Profissional pedagógico, que auxilia na comunicação, concentração e adaptação das atividades escolares, colaborando com o professor titular para garantir que o aluno participe efetivamente do processo de aprendizagem.
Obstáculos na inclusão
Apesar dos avanços, ainda existem desafios importantes que as escolas enfrentam na inclusão de alunos com TEA:
– Formação insuficiente de professores e funcionários, que frequentemente buscam treinamento por conta própria, sem apoio adequado.
– Falta de adaptação de atividades e aulas, especialmente quando os conteúdos se tornam mais abstratos com o avanço dos anos escolares.
– Desconhecimento sobre como lidar com surtos de agressividade e outros sintomas.
– Descumprimento de direitos legais, como o direito a um acompanhante especializado e a prática ilegal de cobrar taxas extras na mensalidade.
– Evasão escolar causada pela falta de suporte adequado para lidar com os diferentes tempos de aprendizagem.
O que se espera da escola?
A escola tem um papel central na inclusão de alunos com TEA, devendo identificar suas necessidades e criar um plano personalizado, com adaptações de materiais, tempo extra para provas e uso de tecnologias assistivas.
É também essencial que um especialista em educação especial oriente os professores. Conforme os conteúdos se tornam mais complexos, as atividades devem ser adaptadas para que todos os alunos participem e aprendam no seu ritmo, garantindo uma inclusão significativa.
A inclusão educacional é um direito essencial para crianças e adolescentes autistas. Além de ser uma prática pedagógica, a convivência entre alunos com e sem deficiência promove compreensão das diferenças, cidadania e o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas, beneficiando todos os envolvidos.